segunda-feira, 21 de maio de 2007

São Guinefort


Em uma de minhas leituras relacionadas à história do cristianismo (vide final do post), deparei-me com um episódio um bocado inusitado: a história de São Guinefort, o "cachorro-santo". Após um episódio ocorrido no século XIII, no território da atual França, o cão se tornou conhecido e foi objeto de veneração. Vou contar a história aqui no blog, esperando não falhar a minha memória, já que não possuo mais aqui o material que li isso especificamente (apesar da história ser bem famosa nos círculos de história medieval).

No século XIII, perto da cidade de Lyon, um homem sai de casa, deixando em casa o seu filho, ainda bebê, aos cuidados de um cão, chamado Guinefort. Então, uma enorme cobra entra dentro da casa. Guinefort, em uma atitude corajosa, a ataca e mata, ficando então extremamente sujo do sangue da cobra. O homem, ao retornar para sua casa, avista o cão ensanguentado e, pensando que o mesmo devorou a criança, o mata. O homem então percebe o erro que havia cometido: avista o cadáver da cobra e a criança sã e salva. Arrepende-se então e joga cão em um poço, cobre-o com pedras e planta árvores em volta, fazendo uma espécie de "santuário". A história é espalhanda pela a comunidade em que vivia. As pessoas então passam a venerar o túmulo do cão, ao qual foram atribuidos muitos milagres. A Igreja Católica prontamente classifica tal adoração como heresia e a proíbe. Mesmo assim, cresce então o culto ao "São" Guinefort, que permanece até meados do século XX, apesar da proibição da Igreja Católica.

Originalmente li essa lenda em " A cristandade no ocidente: 1400-1700" do historiador inglês John Bossy, apesar de já ter visto rápidas referências, pouco detalhadas, nas obras do famoso medievalista francês Jacques Le Goff. A imagem do cão é do Google Image. Uma história um bocado interessante que nos mostra como um fato aparentemente "simples e cotidiano" pode adquirir uma tremenda conotação mítica, se tornando objeto de idolatria de inúmeras pessoas, sobrevivendo com o passar dos séculos.

São Pedro

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