quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

poeminhas para a galera

Diante da gélida noite
lamenta-se o vivente
A vida é como foiçe
que ceifa impiedosamente

Diante da pálida noite
conforma-se o vivente
A vida é como açoite
que fere inexoravelmente

Sobretudo um tormento
revela-se a existência
Instante de vã consciência
perdido no imenso firmamento

Somente no túmulo aguarda
o desfecho de tal imensa agonia
No ato de não mais respirar
encontra-se o eterno sossego

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A Madrugada

Taciturno e breve é o instante
das trevas que precedem a aurora.
Admirável momento que faz cessar
o agonizante ritmo da vida mundana.

Apagam-se as chamas e os filamentos
dos tristes inventos que ferem os olhos.
Acende-se, porém, a agradável chama
da consciência e das emoções humanas.

A madrugada é, sobretudo,
instante de introspeção do solitário.
Momento distante de toda a escravidão
imposta pela inexorável trajetória solar.

Que durassem para sempre as trevas,
que iluminam tanto o espírito humano.
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O coveiro

Controverso ofício
seus amores
suas dores
seus temores
Sepulto tudo com a minha pá

Minha vida depende da morte
que paradoxo
Quanto mais mortos
mais labor para o meu corpo
O descanso eterno é
o motivo da minha eterna fadiga

Continuo enterrando tudo
com a minha pá
pedaços de carne
ossos
e sentimentos
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Nada como andar por aí
sem rumo
sem destino
sem pressa

Andar por aí sem importar-se
com o insano ritmo dos relógios
Andar por aí à toa
sem nenhum objetivo
sem nenhum propósito
sem nenhuma explicação

A caminhada é um convite
para a reflexão despreocupada.
A ausência de preocupações
consiste na mais bela virtude

O espírito humano perde-se
na louca agitação da vida mundana.
A vida passa a ser ditada
ao invés de simplesmente ser vivida.
A simples atitude de internalizar essa noção
com assombrosa e inacreditável naturalidade
demonstra a mais completa perda da liberdade.
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Como córrego que não mais flui
Como árvore que não mais produz frutos
Minha vida é vazia como meus olhos
Minha alma é vazia como meu mundo

Mais doce é a tristeza verdadeira
do que a amargura da felicidade ilusória
Melhor ter consciência do vazio da existência
do que tentar preenchê-lo inutilmente

A vida é como um pequeno feixe de terra
perdido em um vasto oceano
A humanidade é uma mera coincidência
perdida em uma existência imensurável

Desafortunado sou por ter consciência do vazio
Vazio que já conhecia antes do primeiro suspiro
que conhecerei novamente depois do último
E que nada posso fazer para preenchê-lo
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Felicidade

Seria a felicidade
uma ilha perdida
em um infinito mar
de lágrimas ?

Seria a felicidade
uma rainha de um reino
esquecido e cercado
por uma infinita floresta ?

Talvez a felicidade
seja um devaneio
um mal necessário
para sustentar nossa
vazia e desprezível existência
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Sobretudo revela-se interminável,
tua dolorosa e triste ausência.
Os dias são vazios e as noites são eternas,
enquanto permaneces tão distante fisicamente.

Mas no íntimo de minha perturbada alma,
tua presença é ainda assim constante.
Quantos crepúsculos devo ainda esperar ?
Quantas auroras mais preciso lamentar ?

Diante de tanto vazio e sofrimento
move-me a esperança de um dia revê-la.
Fogo que acende minha existência,
é sobretudo a tua amada pessoa.

Presenteia-me logo com tua presença
ò querida dama, com o calor de teu corpo.
Para que juntos possamos desfrutar
cada momento de nosso sincero amor
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Um comentário:

Anônimo disse...

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