domingo, 6 de abril de 2008

As falácias liberais sobre a realidade brasileira

Continuando...

Outra questão pregada pelos liberais, e já citada no texto anterior, é a questão da flexibilização da legislação trabalhista. Com certeza uma legislação de mais de 50 anos contém ''arcaísmos'' e excessos burocráticos, mas a idéia pregada nos grandes meios de comunicação soa mais como mecanismo empresarial de obtenção desenfreada de lucros do que de ganhos aos trabalhadores.
A inexistência de uma legislação trabalhista unificada precarizaria ainda mais a já precária situação dos trabalhadores brasileiros, afinal hoje o país tem uma taxa de desmprego de 9% (isso sem contar os empregos informais) o que constitui uma grande reserva de mão-de-obra que, provavelmente, aceitará trabalhar sobre as situações mais degradantes sem os mínimos direitos básicos de proteção, seja ela previdênciária, de carga horária de trabalho, de garantia em caso de férias ou doenças...Ou seja, em vez de se privilegiar o funcionário mais capacitado, mais produtivo, na maioria vai se valorizar o que aceita trabalhar nas piores circunstâncias, sem a mínima certeza se no dia seguinte continuará empregado, preterindo o que não abrirá mão de seus direitos históricos.
Portanto, não se diminuirá o desemprego, simplesmente trocará um empregado por outro...

A última questão levantada foi a da Educação Superior. Nesse caso além das soluções (ao meu ver) estúpidas, se vê uma mistura de ótica mercadológica e visão distorcida sobre o papel da educação. Foi citado que muitos liberais vêm a Educação Superior como um ''Elefante Branco'', as faculdades federais como inócuas e onerosas.
Essa visão parte de um pressuposto empresarial sobre a educação, de que ela tem de ser simplesmente a produtora de mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho e criadora de projetos e mentes que tragam cada vez mais lucro as empresas.
Essa visão não é de toda errada (afinal a educação sem uma base real ou material e sem um propósito de melhoramento da sociedade se torna uma erudição estéril, sem sentido) , mas é uma visão que não abrange a educação em suas possibilidades.
A educação ( e não só a superior) é um meio de crescimento intelectual e cultural (óbvio) e assim é um meio de se formar cidadãos conscientes de seu papel e com senso crítico aguçado, assim capazes de fugir das armadilhas de governantes populistas (mais uma vez usando termos dos liberais) que se valem do assistencialismo barato e eleitoreiro e de falácias.
Uma educação totalmente técnica, onde se ensinaria a simplesmente'' apertar os parafusos'' e gerar lucros para os patrões, tiraria de educação e da Escola seu papel de formadores de cidadãos .
Esse papel da educação também abrange a pesquisa acadêmica, afinal é dentro da Academia que se formam os debates que um dia (mesmo que distante) chegaram as salas de aula dos ensinos médio e do fundamental e dos meios de comunicação.

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